Exposição no Rio exibe fotografias e documentos da ditadura
O Arquivo
Nacional traz a reedição da exposição Registros de uma Guerra Surda, que
foi aberta no dia 12 de maio no Rio de Janeiro, tem uma foto do ex-presidente
da República, Emílio Garrastazu Médici, erguendo a taça do mundial, a Jules
Rimet, na conquista do tricampeonato, no México.
A cena
foi flagrada pelo jornal Correio da Manhã, um dos periódicos mais
críticos à ditadura militar e que fechou em 1974, no último ano do governo
Médici. Considerado por organizações de direitos humanos o mais duro presidente
do regime, ele teve o mandato, entre 1969 e 1974, conhecido como Anos de
Chumbo. Nesse período foi morto, sob tortura, o jornalista Vladimir Herzog.
O
flagrante de Médici compõe um dos quatro eixos da exposição. A foto está na
parte que revela como os militares conquistaram apoio de parte da população. “A
ditadura militar ficou tantos anos no poder porque, embora alguns setores da
sociedade se articulassem para combatê-la, muitas pessoas apoiavam [o regime].
Tinham medo do que os militares chamavam de terroristas”, diz Viviane Gouvêa,
cientista política e curadora da mostra desde a primeira edição, em 2011.
Registros
de uma Guerra Surda também apresenta ao público, na sede do Arquivo
Nacional, no centro do Rio, o documento original do Ato Institucional Número 5
(AI-5), decretado no fim de 1968. A mostra também exibe correspondências de
autoridades militares minimizando denúncias de tortura a presos políticos,
divulgadas no exterior por organizações defensoras dos direitos humanos, como a
Anistia Internacional.
Movimentos
de reação ao golpe, incluindo uma imagem do congresso da União Nacional de
Estudantes (UNE) em Ibiúna (SP), realizado de forma clandestina em 1968, também
constam da exposição. No congresso, foram presas centenas de pessoas, como o
político José Dirceu e o jornalista Franklin Martins, líderes estudantis na
época.
Outro
destaque é a listagem original de nomes de militantes presos entregue aos
militares que deveriam ser trocados pelo diplomata alemão Ehrenfried Anton
Theodor Ludwig Von Holleben, sequestrado por um grupo de resistência ao regime.
Serviço:
Arquivo
Nacional - Praça da República, 173 – Rio de Janeiro, RJ, Tel: 55 21
2179-1228.
Horários: até
domingo -18 de julho, das 8h30 às 18h
Ingresso: Gratuito
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