O Museu de Arte do Rio
apresenta Tarsila e Mulheres Modernas no Rio. Por meio de 200 peças (entre
pinturas, fotografias, desenhos, gravuras, esculturas, instalações, documentos,
material audiovisual e objetos pessoais), a exposição explicita a maneira pela
qual a atuação de figuras femininas foi fundamental no que diz respeito à
construção das sociedades carioca e brasileira, entre os séculos 19 e 20, nas
mais diversas áreas – como artes visuais, literatura, música, teatro, dança,
medicina, arquitetura, esporte, religião, política etc. Hecilda Fadel, Marcelo
Campos, Nataraj Trinta e Paulo Herkenhoff assinam a curadoria da mostra.
É a primeira vez que Tarsila é contextualizada
para além do campo das artes, abordando também o período pelo qual o Brasil e o
Rio passavam, de lutas pelos diretos das mulheres que assumiam seu papel na
sociedade, seus corpos e desejos. Nesse contexto, a vida e a obra da artista,
representada com 25 pinturas e dez desenhos, serve como ponto de partida para a
mostra da qual também fazem parte outros grandes nomes como Djanira, Maria
Martins, Maria Helena Vieira da Silva, Anita Malfatti, Lygia Clark, Zélia
Salgado e Lygia Pape.
O percurso tem inicio com as mulheres
retratadas por Debret no século XIX, em ilustrações que evidenciam o uso de
muxarabis – treliças de madeira que ocultavam a figura feminina nos recônditos
do lar. A evolução da mulher na sociedade passa pelo direito ao voto e o
reconhecimento do trabalho das domésticas no Brasil – incluindo a primeira
publicação de reportagem sobre o assunto nos anos de 1950. O Aterro do Flamengo
e o papel feminino na arquitetura do Rio moderno estão representados por Lota
de Macedo Soares e Niomar Moniz Sodré, entre outras.
O momento em que as mulheres despontam na
música, com apresentações em night clubs – até então um ambiente
predominantemente masculino –, é contado por meio das histórias e canções de
grandes divas do rádio, como Emilinha Borba e Marlene. As tias do samba e a
mistura entre música e religião aparecem em fotos que revelam as feijoadas e os
encontros nas comunidades da cidade, antes de se tornarem acessíveis ao publico
em geral nas escolas de samba. Na dança, a primeira bailarina negra do Theatro
Municipal, Mercedes Baptista, e outros nomes do balé clássico e contemporâneo,
como Tatiana Leskova e Angel Vianna, também fazem parte da mostra.
O espaço dedicado à literatura lança luz sobre
outras facetas de Clarice Lispector – as crônicas femininas publicadas sob o
pseudônimo Helen Palmer, o trabalho como pintora e fotos de sua intimidade
registradas pelo filho. Raridades como o manuscrito de O quinze, de Rachel de Queiroz,
também fazem parte da seleção. A mostra reúne ainda fotografias e recortes de
jornais para contar a história de mulheres que, ao contrário das retratadas por
Debret, foram às ruas para lutar por seus direitos e de seus familiares, como a
Pagu, primeira presa política do país, e a viúva de Amarildo, que enfrenta a
polícia na busca pelo corpo de seu marido.
Tarsila e Mulheres Modernas
no Rio ocupará o segundo andar do MAR entre 12 de maio e 20 de setembro.
0 comentários:
Postar um comentário