O dia 29 de maio deveria se tornar feriado no Rio:
o Dia do Prazer, fica a sugestão. A estreia foi em tarde vadia de 2005, alguns
músicos pingados descansando do batente e mostrando as últimas criações. E a
segunda-feira virou do avesso. O carioca gripou, teve dor de dente, parente
acamado, tudo para deixar mais cedo o escritório e bater ponto no Samba do
Trabalhador. O fenômeno inventado pelo músico Moacyr Luz começa a comemorar
seus dez anos com show amanhã, no Arpoador, e lançamento de CD na segunda, à
sombra da caramboleira que marca seu terreiro no Clube Renascença, no
Andaraí.
“Esse samba
mudou a minha vida, estreitou parcerias com amigos como Zeca Pagodinho e
Martinho da Vila, e me aproximou de todas as classes. Hoje sou identificado da
mesma forma no Leblon e em Ricardo de Albuquerque”, diz Moacyr.
Entre tardes memoráveis de improvisos e canjas de
todos (sim, todos) os sambistas da cidade, e celebridades inesperadas, Moacyr
lembra o dia que o então ministro Joaquim Barbosa surgiu na quadra, ou quando o
médico Drauzio Varella veio de São Paulo com toda sua equipe para o samba.
Sobre o transporte da roda para palcos como o do
feriado de amanhã (01/05/2015), às 17h, no Parque Garota de Ipanema, Moacyr
explica uma das razões do sucesso musical: “Acho que fiz o inverso, trouxe a
responsabilidade do palco para a roda. Sempre digo que, se tiramos gente de
casa para o clube, tem que ser sempre como um show, com arranjos caprichados,
respeito à harmonia, concentração. O público entendeu essa dedicação.”
O resultado poderá ser degustado em sucessos da
turma como ‘Saudades da Guanabara’, ‘Estranhou o Quê?’, ‘Cabô Meu Pai’, ‘Vida
da Minha Vida’ e ‘Que Batuque é Esse?’. Teresa Cristina, que virou ‘atração fixa’
nos últimos meses no Andaraí.
O novo disco do Samba do Trabalhador, com
lançamento oficial na segunda-feira, no Renascença, terá 12 composições
nascidas na roda, sendo nove inéditas e 11 de Moacyr com parceiros como Nei
Lopes e Paulo César Pinheiro. ‘Samba de Fato’, com Paulo César, ganhou a voz
privilegiada de Gabriel ‘Da Muda’ Cavalcante, expoente da nova geração que está
desde o início tocando seu cavaco e cantando na roda.
A festa no Andaraí começará às 16h, com entrada a
R$ 15 e CD a R$ 20.